Jodi15.08.2019
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Disponível na Amazon, série erra ao mostrar visão cínica e realista do heroísmo comum em HQs e cinema
Nova série da Amazon Prime, "The Boys", que já está disponível na plataforma de streaming, foi vendida como uma espécie de "ar fresco" para a fadiga de produções de super-heróis que comandam as salas de cinema, ou até mesmo um ou outro canal de TV. Criada por Eric Kripke e Evan Goldberg, e produzida por Seth Rogen, a obra oferece uma visão mais cínica, realista e muito violenta de figuras com poderes, fazendo um contraponto com o universo da Marvel, que dá prioridade para um viés otimista e bem mais "light", e usa muito o humor.
Com base nas HQs homônimas de Garth Ennis e Darick Robertson, publicadas originalmente pela DC Comics, os heróis desse universo são, superficialmente, uma fonte de inspiração para a sociedade, que aceitam os mesmos como seus salvadores. O problema está nas sombras. Seus interesses vêm em primeiro lugar.
Justamente por causa desse aspecto, as cenas em que o seriado reforça sua natureza podem ser realmente chocantes. No desenrolar da primeira temporada, por exemplo, Homelander (um Capitão América misturado com Super-Homem, vivido por Antony Starr) e Queen Maeve (Mulher-Maravilha, feita por Dominique McElligot), deixam toda a tripulação e passageiros de um avião morrer, pensando em usar o acidente como uma estratégia para convencer o exército militar norte-americano a deixá-los como líderes, criando uma das tramas mais interessantes exploradas ali.
Outro ponto crucial na narrativa é a história de Annie January (Erin Moriarty). Idealista, consegue entrar na companhia dos Vought - que comanda os heróis, como uma grande jogada de marketing -, só para descobrir a sujeira e egocentrismo que dita cada uma das ações dos "comandantes" da nação. Durante sua jornada, ela é estuprada e abusada de várias formas, sendo que o roteiro justifica tal violência com o argumento do "realismo".
A trama em si, no entanto, passa pouco tempo explorando as consequências de tal violência, preferindo estudar seu "empoderamento" com algumas frases/ ações de efeito de Annie. Se isso acontece com Annie, que tem o privilégio de ser considerada uma protagonista, com as personagens não-brancas ou secundárias é ainda pior. A atriz Karen Fukuhara vive uma das heroínas principais da história, mas tem um desenvolvimento mal resolvido; enquanto o estupro da ex-mulher de um dos protagonistas, Billy Bruto (papel de Karl Urban), é abordado apenas para impulsionar raiva no mesmo.
Talvez a fadiga dos filmes de super-heróis possa ser resolvida ao apoiar no cinema produções que são menores e que naturalmente fazem pouca bilheteria. Entretando, "The Boys" é apenas um remédio temporário. Apesar de ter tom de sátira e alguns bons momentos, sua visão é algo que a sociedade definitivamente não precisa agora, principalmente se o seriado vai colocar violência apenas para causar impacto, sem realmente explorar o que vem depois, e as consequências.
O universo de "Watchmen" já tentou replicar um sentimento parecido com o que se vê em "The Boys". Ainda que a obra (HQ e longa) sofra de alguns dos mesmos problemas (como a violência contra a mulher), pelo menos Alan Moore tocou em assuntos pertinentes para a humanidade de forma muito mais profunda.
Em "The Boys", os fins sempre justificam os meios, e isso raramente é uma boa mensagem para se passar.
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