"The Path", "O Exorcista", "Ash Vs. Evil Dead", "Lucifer", "Quantico" e outros seriados conhecidos acabaram cancelados no começo de 2018 por emissoras americanas. É época de limpa na TV, e se a série que você gosta não estiver com números bons, muito provavelmente ela vai acabar no limbo daquelas que nunca retornam para uma nova temporada. "Brooklyn Nine-Nine" e "The Expanse" estavam tomando esse mesmo rumo, quando foram salvas por outros canais ou plataformas interessados no seu conteúdo. A primeira foi adquirida pela NBC, e a nova casa de "The Expanse" é a Amazon Prime.
Entre as várias séries canceladas – e não foram poucas – as duas se destacam por razões completamente diferentes, e de certa forma, representam um pequeno marco para a produção de séries.
Base criativa
"Brooklyn Nine-Nine" foi criada por Michael Schur, uma das grandes figuras da comédia na TV americana. Além de escrever para "The Office", criou "Parks & Recreation", "The Good Place" e em breve estreia sua nova série, "Abby". Todas elas são da NBC e têm uma coisa em comum: prezam por um humor mais "consciente" e diverso, inserindo essa narrativa no dia a dia de cada um dos personagens, de forma completamente natural.
Duas das três protagonistas de B99 são latinas, sendo que não existe rivalidade feminina entre nenhuma. Elas também não são submetidas a nenhum tipo de estereótipo geralmente delegado às personagens que preenchem a "cota latina", e têm mais características que moldam sua personalidade. Cada uma desempenha um papel fundamental dentro da delegacia, e se ajudam quando precisam.
Já os homens conversam constantemente sobre seus sentimentos, sobre amizade, o que é ser um bom policial, marido ou até mesmo pai. Mais que isso, eles respeitam seus colegas de trabalho e não existe aquela masculinidade tóxica que é tão comum, não só na nossa rotina, mas nas séries também.
Essa característica é perpetuada com a figura de Raymond Holt (Andre Braugher), o capitão da delegacia. Seu personagem cresceu dentro da força como um homem negro e gay, mas ele não é resumido apenas a isso. Sua luta é parte importante de sua história, claro, mas sua lealdade com a equipe e seu pensamento lógico faz com que seja um dos melhores personagens já criados, desde sempre.
Os personagens de "Brooklyn Nine-Nine" e a forma como eles são construídos são, com certeza, as melhores coisas da série, que se destaca por mostrar sensação de leveza e naturalidade ao falar de assuntos tão importantes.
Melhor ainda, prova que o humor não precisa ofender, mas pode ser inclusivo. É por isso que os atores estão completamente envolvidos no projeto e dão seu melhor a cada temporada. O resultado é uma produção emocionante, engraçada e que deixa reflexão "talvez seja isso que o mundo precise assistir".
Escondida
Já "The Expanse" é uma série que ficou escondida por três temporadas na programação do Canal Syfy. O estilo da produção é algo que lembra um pouco space operas clássicas, como "Battlestar Galactica" (2004-2009), e os efeitos especiais são bem melhores do que precisavam ser, tratando-se de uma série com orçamento baixo.
A história acompanha a humanidade 200 anos no futuro, quando já estamos no espaço. A série é baseada nos livros de James S. A. Corey, que começam por "Leviatã Desperta", e a narrativa prefere se aproximar da ciência pura em vez de ter foco mais no aspecto pop do sci-fi, como "Star Wars", por exemplo. O maior trunfo da série, no entanto, é a forma como ela mostra os conflitos sociais entre Marte, a Terra e aqueles que crescem nas colônias de asteroides.
O fenômeno do cancelamento é algo bem padrão para aqueles que acompanham séries, mas a prática de uma emissora resgatar uma produção que não funcionou em outro canal está se tornando comum. Há exemplos de séries que ganharam recomeço após tudo estar "perdido", como "The Mindy Project" (da Fox para o Hulu), "Community" (da NBC para a Yahoo) ou até mesmo a clássica "Friday Night Lights" (da NBC para DirecTV).
Por outro lado, ótimas séries acabaram sem uma volta triunfal. Títulos aclamados, como "Hannibal", "Pushing Daisies", "Agent Carter" e "Firefly". Isso serve para lembrar que a indústria de séries é, afinal, focada em dinheiro. Por isso a Netflix continua cancelando produções bem melhores – e mais relevantes - do que, por exemplo, "13 Reasons Why".
Mas não fique desanimado: de vez em quando alguma plataforma tem uma epifania e acaba percebendo uma obra tão especial que merece uma segunda chance. Dessa vez foram a NBC e a Amazon. Vamos esperar pela próxima.
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'The Expanse' também foi resgatada; há mais títulos cancelados em 2018, mas somente essas duas produções acabaram em outras emissoras
"The Path", "O Exorcista", "Ash Vs. Evil Dead", "Lucifer", "Quantico" e outros seriados conhecidos acabaram cancelados no começo de 2018 por emissoras americanas. É época de limpa na TV, e se a série que você gosta não estiver com números bons, muito provavelmente ela vai acabar no limbo daquelas que nunca retornam para uma nova temporada. "Brooklyn Nine-Nine" e "The Expanse" estavam tomando esse mesmo rumo, quando foram salvas por outros canais ou plataformas interessados no seu conteúdo. A primeira foi adquirida pela NBC, e a nova casa de "The Expanse" é a Amazon Prime.
Entre as várias séries canceladas – e não foram poucas – as duas se destacam por razões completamente diferentes, e de certa forma, representam um pequeno marco para a produção de séries.
Base criativa
"Brooklyn Nine-Nine" foi criada por Michael Schur, uma das grandes figuras da comédia na TV americana. Além de escrever para "The Office", criou "Parks & Recreation", "The Good Place" e em breve estreia sua nova série, "Abby". Todas elas são da NBC e têm uma coisa em comum: prezam por um humor mais "consciente" e diverso, inserindo essa narrativa no dia a dia de cada um dos personagens, de forma completamente natural.
Duas das três protagonistas de B99 são latinas, sendo que não existe rivalidade feminina entre nenhuma. Elas também não são submetidas a nenhum tipo de estereótipo geralmente delegado às personagens que preenchem a "cota latina", e têm mais características que moldam sua personalidade. Cada uma desempenha um papel fundamental dentro da delegacia, e se ajudam quando precisam.
Já os homens conversam constantemente sobre seus sentimentos, sobre amizade, o que é ser um bom policial, marido ou até mesmo pai. Mais que isso, eles respeitam seus colegas de trabalho e não existe aquela masculinidade tóxica que é tão comum, não só na nossa rotina, mas nas séries também.
Essa característica é perpetuada com a figura de Raymond Holt (Andre Braugher), o capitão da delegacia. Seu personagem cresceu dentro da força como um homem negro e gay, mas ele não é resumido apenas a isso. Sua luta é parte importante de sua história, claro, mas sua lealdade com a equipe e seu pensamento lógico faz com que seja um dos melhores personagens já criados, desde sempre.
Os personagens de "Brooklyn Nine-Nine" e a forma como eles são construídos são, com certeza, as melhores coisas da série, que se destaca por mostrar sensação de leveza e naturalidade ao falar de assuntos tão importantes.
Melhor ainda, prova que o humor não precisa ofender, mas pode ser inclusivo. É por isso que os atores estão completamente envolvidos no projeto e dão seu melhor a cada temporada. O resultado é uma produção emocionante, engraçada e que deixa reflexão "talvez seja isso que o mundo precise assistir".
Escondida
Já "The Expanse" é uma série que ficou escondida por três temporadas na programação do Canal Syfy. O estilo da produção é algo que lembra um pouco space operas clássicas, como "Battlestar Galactica" (2004-2009), e os efeitos especiais são bem melhores do que precisavam ser, tratando-se de uma série com orçamento baixo.
A história acompanha a humanidade 200 anos no futuro, quando já estamos no espaço. A série é baseada nos livros de James S. A. Corey, que começam por "Leviatã Desperta", e a narrativa prefere se aproximar da ciência pura em vez de ter foco mais no aspecto pop do sci-fi, como "Star Wars", por exemplo. O maior trunfo da série, no entanto, é a forma como ela mostra os conflitos sociais entre Marte, a Terra e aqueles que crescem nas colônias de asteroides.
O fenômeno do cancelamento é algo bem padrão para aqueles que acompanham séries, mas a prática de uma emissora resgatar uma produção que não funcionou em outro canal está se tornando comum. Há exemplos de séries que ganharam recomeço após tudo estar "perdido", como "The Mindy Project" (da Fox para o Hulu), "Community" (da NBC para a Yahoo) ou até mesmo a clássica "Friday Night Lights" (da NBC para DirecTV).
Por outro lado, ótimas séries acabaram sem uma volta triunfal. Títulos aclamados, como "Hannibal", "Pushing Daisies", "Agent Carter" e "Firefly". Isso serve para lembrar que a indústria de séries é, afinal, focada em dinheiro. Por isso a Netflix continua cancelando produções bem melhores – e mais relevantes - do que, por exemplo, "13 Reasons Why".
Mas não fique desanimado: de vez em quando alguma plataforma tem uma epifania e acaba percebendo uma obra tão especial que merece uma segunda chance. Dessa vez foram a NBC e a Amazon. Vamos esperar pela próxima.
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